A evolução da cobertura vacinal e os impactos da pandemia de covid-19 nas metas de imunização de rotina em crianças menores de um ano no nordeste brasileiro
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Resumo
A vacinação é fundamental para prevenir doenças infecciosas, sendo um investimento em saúde de grande custo-benefício. No entanto, a cobertura vacinal no Brasil entrou em declínio nos últimos anos, sobretudo durante a pandemia de COVID-19, levando ao reaparecimento de doenças imunopreveníveis, além de atrasos no calendário vacinal infantil. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo analisar a evolução da cobertura vacinal e os impactos da pandemia de COVID-19 nas metas de imunização de rotina em crianças menores de 1 ano no nordeste brasileiro entre 2013 e 2021. Trata-se de um estudo ecológico e observacional em que foram utilizados dados secundários (SINASC, SI-PNI, IDH-IBGE), além do Índice de Isolamento Social (IIS) inloco, para determinar taxas anuais de Cobertura Vacinal (CV), assim como possíveis correlações através do método de regressão linear. Os resultados mostraram que 6 de 8 imunizantes alcançaram as metas vacinais em 2013, apenas 3 em 2016, e nenhuma vacina atingiu a meta durante a pandemia. A correlação entre o IIS e a CV foi significativa (p<0,05), enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não foi suficiente para explicar as quedas nas taxas de cobertura vacinal. O presente trabalho expõe a grave situação vacinal de crianças no nordeste do país, população mais afetada pelos efeitos indiretos da pandemia. Fatores de isolamento social foram determinantes para esse cenário de retrocesso, enquanto variáveis sociais não se mostraram representadas pelo Índice de Desenvolvimento Humano, apesar de estarem potencialmente relacionadas à redução das taxas de cobertura vacinal.
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