Conforto ambiental e neuroarquitetura: avaliação pós-ocupação no contexto da covid-19
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Resumo
A pandemia da Covid-19 ocasionou grandes impactos nas vidas dos indivíduos a em nível global. Em consequência à recomendação do isolamento social, as residências tornaram-se ambientes de longa permanência, fazendo necessária sua adaptação para atender as novas demandas espaciais. Esse cenário influenciou diretamente na interação dos usuários com suas moradias, refletindo no significado do habitar e na experiência do morar, implicando em alterações no estilo de vida que podem impactar na saúde física e mental dos indivíduos. Neste contexto, este artigo mostra resultados de um estudo cujo objetivo foi realizar uma Avaliação Pós-Ocupação (APO) nos ambientes residenciais, na área de conforto ambiental amparado pelas estratégias da neuroarquitetura, com o intuito de entender o espaço físico sob a ótica de seus usuários, visto que, esse espaço físico desempenha um papel fundamental no comportamento, na tomada de decisões e no bem-estar. Para isso, foi disponibilizado para a comunidade um questionário e o instrumento Poema dos Desejos. Desse modo, foram obtidos indicadores positivos de satisfação dos moradores com suas residências, no entanto, os desejos, sintomas e percepções apontadas pelos usuários evidenciam que o ambiente é capaz de prejudicar física e psicologicamente sem que se note. A análise dos resultados indica que o cenário pandêmico evidenciou que o ambiente residencial não é estático, necessitando de transformações conforme as necessidades transitórias, fazendo com que seja necessário (re) pensar a configuração dos espaços, aplicando as estratégias de conforto ambiental e da neuroarquitetura, para que elas possam auxiliar os usuários em suas relações com a moradia, proporcionando saúde e bem-estar.
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